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Brasileira conta como é a vida na Guiana Inglesa, um país de vanguarda econômica

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Há 14 anos Maisa Silva se casou e foi morar em uma região desconhecida para muitos. De lá pra cá, essa amazonense virou referência no mundo dos negócios na Guiana Inglesa, um país com 750 mil habitantes, “muito diferente” e que faz fronteira com Brasil, Venezuela e Suriname.

Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas

Ela tem duas empresas. Uma dedicada ao setor de cosméticos e a outra, ao de negócios. Acostumada a prestar consultorias internacionais, Maisa tem que explicar onde mora:

“De onde você vem? De Gana? Não, da Guiana. Geralmente eu falo que venho do Brasil. Mas se perguntam onde eu moro, digo que no Caribe, que todo mundo sabe onde fica. Mas se falar Guiana não é todo mundo que conhece. As pessoas nem sabem que existe”.

Maisa começou seu negócio assessorando brasileiros que queriam se estabelecer no país. Bastante comunicativa, se integrou na sociedade guianense a ponto de se mimetizar com os locais.

Além disso, contou com o apoio da sogra. Ela a orientava como lidar com a comunidade e os costumes locais, facilitando a adaptação a um país tão diverso e cujo idioma oficial é o inglês britânico.

A população guianense é composta por cerca de 43% de indianos, quase 30% de afro-guianeses, 16% de guianenses mistos e 9% de indígenas. Além de estrangeiros de diversas partes do mundo

Fazem parte desse mosaico “três religiões muito fortes: os católicos, seguidos pelos hindus e muçulmanos”.

Maisa conta como é essa mistura no dia a dia:

“Mesmo sendo muito racistas entre eles, com os negros e os indianos, nessa questão dos feriados de cada religião eles se respeitam bastante. Nessa parte eu tiro o chapéu”.

Na capital Georgetown moram cerca de cinco mil brasileiros. Muitos são donos de hotéis, lojas de equipamentos para mineração e restaurantes. A maioria chegou há décadas para explorar o garimpo.

Os brasileiros para os guianenses

“Os guianenses gostam de tudo que é do Brasil e que é feito no Brasil. Eles são fascinados. Existe a barreira do idioma, mas mesmo assim as brasileiras se casam com os guianenses e existe uma conexão muito grande”.

Em Lethem, cidade guianesa a poucos quilômetros da capital de Roraima, 80% do comércio é movido por brasileiros que atravessam a fronteira para fazer compras no país vizinho.

Já nos garimpos, localizados no interior do país, os “brasileiros são vistos como a melhor mão-de-obra”, conta Maisa.

Na percepção da empresária, “os guianeses parecem não gostar do próprio país”. Na página referente à Guiana Inglesa do Portal Consular do Itamaraty, há a informação de que cerca de “45% da população vivem fora do país, principalmente no Canadá, Estados Unidos e países do Caribe”.

Em breve haverá um boom econômico na Guiana, mas o país ainda é pobre:

“Temos uma infraestrutura precária, bueiros a céu aberto, a infraestrutura sanitária é horrível. Não temos hidrelétrica no país. Ainda estamos na era do gerador movido à gasolina”

O país recorre à queima de bagaço de cana para gerar energia ou a geradores, como explicou Maisa.

Nas ruas os carros dirigem em mão inglesa, quando o sentido de circulação é pelo lado esquerdo da via, e é alto o índice de acidentes fatais. “É meio arcaico. Às vezes a gente dirige no meio de burros, de cavalos, de bodes atravessando”, explica Maisa.

Mudanças à vista

No início de agosto deste ano, o muçulmano Irfaan Ali, do Partido Progressista Popular (PPP, foi declarado presidente pela Comissão Eleitoral da Guiana Inglesa cinco meses após as eleições.

“Este novo presidente não tem muita experiência na política, mas o vice-presidente tem, já que ocupou este cargo tempos atrás”, conta Maisa ao explicar que a Constituição da Guiana Inglesa não permite que a mesma pessoa volte a ocupar a cadeira presidencial.

O país está em vias de ser um dos mais prósperos da América do Sul. Em dezembro passado começou a ser explorado uma gigantesca jazida de petróleo, encontrada na costa da Guiana em 2016. A estimativa é de que a produção local passe de 52 mil barris de petróleo por dia para 750 mil até o ano 2025.

Mas, por falta de tradição, “as pessoas não entendem nada do mercado petroleiro”.

Sobre o novo presidente, que tem 40 anos e já foi ministro de Moradia, Água e Turismo, Maisa conta que “ele veio um pessoal jovem e com garra para fazer as coisas acontecerem. Ficamos admirados. As pessoas estão apostando nessa mudança”.

Mas para Maisa o boom econômico prestes acontecer nesta antiga colônia inglesa na América do Sul corre riscos:

“Todo mundo tem medo de que esse dinheiro acabe nas mãos só de uns e não beneficiando os outros”.

Pobre, porém caro

Apesar de ainda ser pobre, a Guiana é um país caro. “Não temos indústrias, tudo é importado. E os impostos são muito altos”.

Um dos motores da economia local é a cana de açúcar e a exportação de arroz. Por anos a Guiana pagou com toneladas de arroz a troca de barris de petróleo que fazia com a vizinha Venezuela.

A extração de metais preciosos, feita por empresas russas e canadenses, tem peso no país. Mas a exploração do ouro - feita por garimpeiros - tornou a Guiana “um país bastante caro”, segundo Maisa:

“Justamente por causa do garimpo o país ficou caro. Garimpeiro vem do mato e quer pagar tudo com ouro. As pessoas aqui falam que os garimpeiros estragaram a economia do país e por isso tudo ficou caro”.

Desde 2019 o salário mínimo na Guiana varia entre 320 e 330 dólares, de acordo com a conversão da moeda oficial, o dólar guianense, que vale menos que a moeda dos Estados Unidos.

Uma cesta básica no país custa cerca de 300 dólares. É necessário o aporte de renda de três integrantes para que uma família consiga se manter.

Na capital Georgetown, um aluguel varia entre 300 a 1.200 dólares, ou mais, dependendo da região.

O futuro da Guiana

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Irfaan Ali vai governar um país cuja economia registra a maior taxa de crescimento do mundo (86%), ritmo 14 vezes maior que o da China. Por sua vez o Banco Mundial reforça que a Guiana é um dos países com maior crescimento econômico este ano.

O próspero futuro e com uma população tradicionalmente emigrante, Maisa acredita que em breve o país será dos estrangeiros:

“Eu vejo aqui um país de estrangeiros. Um país que será esmagado por outras culturas: brasileiras, venezuelanas, cubanas... Qualquer outro país que queira e veja oportunidade de investir aqui. Então eu não vejo os guianenes como maioria”.

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Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas

Ela tem duas empresas. Uma dedicada ao setor de cosméticos e a outra, ao de negócios. Acostumada a prestar consultorias internacionais, Maisa tem que explicar onde mora:

“De onde você vem? De Gana? Não, da Guiana. Geralmente eu falo que venho do Brasil. Mas se perguntam onde eu moro, digo que no Caribe, que todo mundo sabe onde fica. Mas se falar Guiana não é todo mundo que conhece. As pessoas nem sabem que existe”.

Maisa começou seu negócio assessorando brasileiros que queriam se estabelecer no país. Bastante comunicativa, se integrou na sociedade guianense a ponto de se mimetizar com os locais.

Além disso, contou com o apoio da sogra. Ela a orientava como lidar com a comunidade e os costumes locais, facilitando a adaptação a um país tão diverso e cujo idioma oficial é o inglês britânico.

A população guianense é composta por cerca de 43% de indianos, quase 30% de afro-guianeses, 16% de guianenses mistos e 9% de indígenas. Além de estrangeiros de diversas partes do mundo

Fazem parte desse mosaico “três religiões muito fortes: os católicos, seguidos pelos hindus e muçulmanos”.

Maisa conta como é essa mistura no dia a dia:

“Mesmo sendo muito racistas entre eles, com os negros e os indianos, nessa questão dos feriados de cada religião eles se respeitam bastante. Nessa parte eu tiro o chapéu”.

Na capital Georgetown moram cerca de cinco mil brasileiros. Muitos são donos de hotéis, lojas de equipamentos para mineração e restaurantes. A maioria chegou há décadas para explorar o garimpo.

Os brasileiros para os guianenses

“Os guianenses gostam de tudo que é do Brasil e que é feito no Brasil. Eles são fascinados. Existe a barreira do idioma, mas mesmo assim as brasileiras se casam com os guianenses e existe uma conexão muito grande”.

Em Lethem, cidade guianesa a poucos quilômetros da capital de Roraima, 80% do comércio é movido por brasileiros que atravessam a fronteira para fazer compras no país vizinho.

Já nos garimpos, localizados no interior do país, os “brasileiros são vistos como a melhor mão-de-obra”, conta Maisa.

Na percepção da empresária, “os guianeses parecem não gostar do próprio país”. Na página referente à Guiana Inglesa do Portal Consular do Itamaraty, há a informação de que cerca de “45% da população vivem fora do país, principalmente no Canadá, Estados Unidos e países do Caribe”.

Em breve haverá um boom econômico na Guiana, mas o país ainda é pobre:

“Temos uma infraestrutura precária, bueiros a céu aberto, a infraestrutura sanitária é horrível. Não temos hidrelétrica no país. Ainda estamos na era do gerador movido à gasolina”

O país recorre à queima de bagaço de cana para gerar energia ou a geradores, como explicou Maisa.

Nas ruas os carros dirigem em mão inglesa, quando o sentido de circulação é pelo lado esquerdo da via, e é alto o índice de acidentes fatais. “É meio arcaico. Às vezes a gente dirige no meio de burros, de cavalos, de bodes atravessando”, explica Maisa.

Mudanças à vista

No início de agosto deste ano, o muçulmano Irfaan Ali, do Partido Progressista Popular (PPP, foi declarado presidente pela Comissão Eleitoral da Guiana Inglesa cinco meses após as eleições.

“Este novo presidente não tem muita experiência na política, mas o vice-presidente tem, já que ocupou este cargo tempos atrás”, conta Maisa ao explicar que a Constituição da Guiana Inglesa não permite que a mesma pessoa volte a ocupar a cadeira presidencial.

O país está em vias de ser um dos mais prósperos da América do Sul. Em dezembro passado começou a ser explorado uma gigantesca jazida de petróleo, encontrada na costa da Guiana em 2016. A estimativa é de que a produção local passe de 52 mil barris de petróleo por dia para 750 mil até o ano 2025.

Mas, por falta de tradição, “as pessoas não entendem nada do mercado petroleiro”.

Sobre o novo presidente, que tem 40 anos e já foi ministro de Moradia, Água e Turismo, Maisa conta que “ele veio um pessoal jovem e com garra para fazer as coisas acontecerem. Ficamos admirados. As pessoas estão apostando nessa mudança”.

Mas para Maisa o boom econômico prestes acontecer nesta antiga colônia inglesa na América do Sul corre riscos:

“Todo mundo tem medo de que esse dinheiro acabe nas mãos só de uns e não beneficiando os outros”.

Pobre, porém caro

Apesar de ainda ser pobre, a Guiana é um país caro. “Não temos indústrias, tudo é importado. E os impostos são muito altos”.

Um dos motores da economia local é a cana de açúcar e a exportação de arroz. Por anos a Guiana pagou com toneladas de arroz a troca de barris de petróleo que fazia com a vizinha Venezuela.

A extração de metais preciosos, feita por empresas russas e canadenses, tem peso no país. Mas a exploração do ouro - feita por garimpeiros - tornou a Guiana “um país bastante caro”, segundo Maisa:

“Justamente por causa do garimpo o país ficou caro. Garimpeiro vem do mato e quer pagar tudo com ouro. As pessoas aqui falam que os garimpeiros estragaram a economia do país e por isso tudo ficou caro”.

Desde 2019 o salário mínimo na Guiana varia entre 320 e 330 dólares, de acordo com a conversão da moeda oficial, o dólar guianense, que vale menos que a moeda dos Estados Unidos.

Uma cesta básica no país custa cerca de 300 dólares. É necessário o aporte de renda de três integrantes para que uma família consiga se manter.

Na capital Georgetown, um aluguel varia entre 300 a 1.200 dólares, ou mais, dependendo da região.

O futuro da Guiana

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Irfaan Ali vai governar um país cuja economia registra a maior taxa de crescimento do mundo (86%), ritmo 14 vezes maior que o da China. Por sua vez o Banco Mundial reforça que a Guiana é um dos países com maior crescimento econômico este ano.

O próspero futuro e com uma população tradicionalmente emigrante, Maisa acredita que em breve o país será dos estrangeiros:

“Eu vejo aqui um país de estrangeiros. Um país que será esmagado por outras culturas: brasileiras, venezuelanas, cubanas... Qualquer outro país que queira e veja oportunidade de investir aqui. Então eu não vejo os guianenes como maioria”.

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