#76 Oceano - mistérios do azul profundo
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Em 2017, a Organização das Nações Unidas declarou que o período de 2021 a 2030 será dedicado à Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. E agora, depois de uma longa mobilização da comunidade científica e ativistas, está chegando o momento de todo mundo falar mais sobre os oceanos que cobrem 70% do planeta. A ideia de declarar uma década dedicada a um tema surgiu na ONU nos anos 60 e, desde então, vários foram os temas abordados: desarmamento, mulheres, combate ao racismo e educação, entre outros. A escolha de um tema para um período de dez anos tem o objetivo de voltar as atenções e os esforços dos países membros da ONU para uma meta comum. A ideia é promover a conscientização da sociedade e possibilitar o desenvolvimento de ações coordenadas para mitigar um determinado problema global, além de difundir os propósitos da ONU na sociedade. No período de 2021 a 2030 será promovida a ampliação da cooperação internacional em pesquisas para a preservação dos oceanos e o gerenciamento dos recursos naturais de zonas costeiras. As atividades da década serão lideradas pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, órgão da ONU responsável por apoiar a ciência e os serviços oceânicos globais. No Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação está coordenando a iniciativa nacional e desenvolvendo o Plano Nacional para a Década do Oceano. A exploração de recursos minerais e combustíveis fósseis que garantem o funcionamento de cidades, indústrias, movimentação de veículos e transporte marítimo geram alterações no ambiente natural. Estas alterações produzem resíduos e influenciam as mudanças climáticas, contaminação de corpos d’água por dejetos urbanos, industriais ou agrícolas, perda de biodiversidade, ou seja, fatores que culminam na degradação da capacidade de funcionamento, provisão e mesmo na saúde do oceano. Quando Julio Verne escreveu “20 mil léguas submarinas”, a ficção não estava longe da realidade. Segundo a Agência de Administração Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos, mais de oitenta por cento do oceano nunca foi mapeado, observado ou explorado. Quantos mistérios o homem poderá desvendar aumentando a investigação científica dos oceanos? O que os oceanos escondem ainda não sabemos, mas a degradação é visível e todos nós sabemos disso. No entanto, pouco conhecemos sobre esse ambiente aquático que cobre mais de 70% do planeta Terra. Estas são as principais razões para que a década decretada tenha um olhar para o desenvolvimento da ciência oceânica. E, como desafio, fortalecer a integração e comunicação entre pesquisas científicas, sociedade e governantes. Hoje apenas 4% do total de gastos com pesquisa e desenvolvimento em todo o mundo são direcionadas para a ciência oceânica. Ter uma década dedicada ao tema do oceano vai ajudar a mobilizar parcerias e aumentar o investimento em áreas prioritárias, estimulando o desenvolvimento da capacidade científica global e de recursos humanos para trabalhar por ela. Não é a toa que o lema é “a ciência que precisamos para o oceano que queremos”.
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